Proposta para o recoñecemento oficial - Mirandés
(Asturiano
en Espanha)
PROPOSTA DE LEI Nº 534/VII
Publicado o luns 27 de outubro do 2003
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
O complexo linguístico a que se tem chamado Língua Mirandesa é um idioma
neolatino conservado e falado em território português, desde o
nascimento das línguas românicas ibéricas, filhas do latim popular. O
mirandês não é, pois, nem uma variedade do português, nem tão pouco uma
variedade do castelhano, mas antes uma sobrevivência histórica dum grupo
linguístico peninsular que, em épocas históricas anteriores, conheceu
uma importante vitalidade, o asturo-leonês. Assim, o mirandês é uma
língua viva e estuturalmente individualizada dos demais idiomas com os
quais hoje convive.
O Mirandês é, no presente momento histórico, uma língua referenciada a
uma área aproximada de 500 Km2, situada no Nordeste de Portugal, a
sudeste do distrito de Bragança, ao longo da fronteira com a Espanha,
abrangendo o concelho de Miranda do Douro e uma parte do de Vimioso.
O número total de falantes do mirandês é estimado, acualmente, entre os
12.000 e 15.000, o valor mais baixo registado desde há pelo menos dois
séculos. Sob a pressão do português e a influência crescente do
castelhano, o mirandês tem vindo a reduzir a sua esfera de utilização ao
meio familiar e às relações de vizinhança. Para além disto, a área
geográfica coberta pelo mirandês tem vindo a regredir.
[...]
O Mirandês é, como todas as línguas naturais, um legado cultural de
incomensurável valor. Esta língua materna integra a cultura de um Povo,
não só por ser um dos modos como a cultura se exprime mas, sobretudo,
por constituir um instrumento de comunicação, de identificação e de
memória colectivas.
A defesa da Língua Mirandesa depende, essencialmente, da dedicação e do
uso por parte dos seus falantes, mas o mirandês é também um compromisso
cultural e patrimonial irrecusável para o Estado Português. A
Administração não pode, assim, demitir-se desta responsabilidade
histórica.
Nestes termos, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais
aplicáveis, os Deputados abaixo-assinados apresentam o seguinte projecto
de Lei:
Artigo 1º
O presente diploma visa reconhecer e promover a Língua Mirandesa.
Artigo 2º
O Estado Português reconhece o direito a cultivar e promover a Língua
Mirandesa, património cultural, instrumento de comunicação e de reforço
de identidade da Terra de Miranda.
Artigo 3º
É reconhecido o direito da criança à aprendizagem do mirandês, nos
termos a regulamentar.
Artigo 4º
As instituições públicas localizadas ou sediadas no concelho de Miranda
do Douro poderão emitir documentos acompanhados de uma versão em Língua
Mirandesa.
Artigo 5º
É reconhecido o direito a apoio científico e educativo tendo em vista a
formação de professores de língua e cultura mirandesas, nos termos a
regulamentar.
Artigo 6º
O presente diploma será regulamentado no prazo de 90 dias a contar da
sua entrada em vigor.
Artigo 7º
O presente diploma entra em vigor 30 dias após a data da sua publicação.
Miranda do Douro, 20 de Outubro de 1998
O Presidente de Comissão
Pedro Pinto |
Proposition pour la reconnaissance officielle du
mirandais
(asturien en
Espagne)
Proposition de loi no 534/VII
Publié le 27 octobre 2003
EXPOSÉ DES MOTIFS
La réalité linguistique complexe qui a été appelée «langue mirandaise» est
un idiome néo-latin conservé et parlé sur le territoire portugais, depuis la
naissance des langues romanes ibérique, filles du latin populaire.
Le mirandais n'est pas donc pas une variété du portugais, ni une variété du
castillan, mais plutôt une survivance historique d'un groupe linguistique
de cette péninsule, au début des temps historiques, qui a connu une
vitalité importante comme l'asturo-léonais.
Ainsi, le
mirandais est une langue
vivante et structurellement
individualisée par apport aux autres langues
qui coexistent
aujourd'hui.
Le mirandais est, en ce moment historique, une langue
délimitée à une superficie
d'environ 500 km², située dans le nord du Portugal au sud-est du
district de Bragança, le long de la frontière avec l'Espagne, et couvrant
la municipalité de Miranda do Douro et une partie de celle de Vimioso.
Le nombre total des
locuteurs du mirandais est estimé à l'heure actuelle entre 12 000 et 15
000 personnes, la valeur la plus basse enregistrée depuis au moins deux
siècles. Sous la pression des Portugais et de l'influence croissante du
castillan, le mirandais a réduit sa sphère d'emploi dans les relations
familiales et les relations de voisinage. En outre, la zone géographique
couverte par le mirandais est en régression constante.
[...] Le mirandais est, comme toutes les langues naturelles, un héritage culturel
d'une valeur incommensurable. Cette langue fait partie de la culture
d'un peuple, non seulement pour être l'une des façons dont la culture
s'est exprimée, mais elle est avant tout un outil de communication,
d'identification et de mémoire collective.
La défense de la langue mirandaise repose essentiellement sur le
dévouement et l'utilisation de ses locuteurs, mais le mirandais est
également un engagement culturel et patrimonial que l'État portugais ne
pouvait pas nier. L'Administration ne peut pas, par conséquent,
démissionner de cette responsabilité historique.
En conséquence, en vertu des dispositions constitutionnelles et des
dispositions réglementaires, les membres soussignés présentent le projet de loi
suivant:
Article 1er
La présente loi vise à reconnaître et à promouvoir la langue mirandaise.
Article 2
L'État portugais reconnaît le droit de cultiver et de promouvoir la
langue
mirandaise, son patrimoine culturel, outil de communication, et de
renforcer l'identité de la «Terre de Miranda».
Article 3
Le droit des enfants à apprendre le mirandais est reconnu, conformément
aux règlements.
Article 4
Les institutions publiques situées ou ayant leur siège social dans la
municipalité de Miranda do Douro peuvent émettre des documents accompagnés
d'une version en mirandais.
- Article 5
Le droit à l'instruction
et au soutien scientifique pour la formation des
enseignants de langue et de culture mirandaises est reconnu,
conformément aux règlements.
Article 6
La présente législation doit être réglementée dans les 90 jours
après son entrée
en vigueur.
Article 7
La présente loi entrera en vigueur
trente jours après la date de sa publication.
Miranda do Douro,
le 20 octobre 1998.
Le président de la Commission
Pedro Pinto
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